Nas entranhas do terreiro, onde a magia se tece em fios invisíveis e os atabaques ressoam como o coração pulsante do sagrado, o pai de Umbanda dança entre a euforia da fé e a dor da incompreensão. Seu manto colorido, impregnado de energias ancestrais, torna-se um estandarte de perseverança em meio à tempestade que se forma.
Entre os filhos que ali labutam, a voz do sacerdote é como um rio de conselhos que busca fertilizar a terra árida da desatenção. Sua fala é poesia, um canto melódico que se propaga pelos corredores espirituais, mas parece dissipar-se ao encontrar barreiras de teimosia e desatino.
A euforia inicial da liturgia cede lugar à angústia silenciosa do pai, cujos olhos refletem constelações de frustração diante da teimosia que ressoa mais alto que os conselhos sagrados. Os filhos, como estrelas rebeldes, brilham com uma luz própria, mas resistem à harmonia cósmica que o pai tenta orquestrar.
Em meio ao pandemônio dos egos desafiadores, o pai ergue sua voz como um trovão na tentativa de romper as nuvens densas que obscurecem a visão espiritual. Seus conselhos, pérolas de sabedoria, caem aos pés dos filhos como oferendas não reconhecidas, enquanto a teimosia ergue muralhas que impedem a comunhão esperada.
A dor do sacerdote deste homem que se torna pai é um fogo que queima, mas não consome. Ele persiste na dança, na cadência das palavras entoadas, na esperança de que, em algum momento, a semente da compreensão germine nos corações dos filhos. Seu amor pela Umbanda é um farol que brilha mesmo nos momentos mais escuros, guiando-o através da tormenta.
E mesmo quando a teimosia parece sobrepor-se à sintonia espiritual, o sacerdote mantém viva a euforia da fé. Sua devoção não esmorece, pois ele sabe que, na magia da Umbanda, o tempo é tecido em espirais, e cada desafio é uma oportunidade de transformação. A dor da incompreensão é apenas uma nota dissonante em uma sinfonia celestial que continua a ressoar, pois no coração do pai de santo, a esperança é a melodia que nunca se cala.
Pai Léo de Oxalá
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