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Foto do escritorLeandro Vilaça

À deriva, mas resiliente




Não lembro quando a onda me acertou. Estava em um pequeno barco à deriva no oceano, sem nenhuma terra firme à vista, vagando em meus próprios pensamentos e girando em círculos de autopiedade.


A onda não veio sozinha. Era um prelúdio de uma enorme tempestade que se formava acima. Estava tão imersa no passado que nem percebi quando já precisava fugir dela.


Foi inútil. A tempestade me acertou em cheio, levando meu barco, minha dignidade, minha força e minha lucidez. Estava tão focada no motivo de estar estagnada que não percebi o movimento chegando até mim, levando tudo o que eu tinha, até restar apenas eu.


Poderia mergulhar no vitimismo e me afogar ali mesmo, mas, mesmo sem saber nadar, nadei e atravessei toda aquela escuridão.


Estou à deriva novamente, sem terra firme, barco ou promessas. Outra tempestade se aproxima. Porém, agora sei que possuo força suficiente para atravessar mais uma vez e, quem sabe, finalmente encontrar um pouco de segurança?


Jéssica Evangelista

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